quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Do Começo Ao Fim

da primeira vez que tentei ver a película, eu não tava com clima de emoções fortes. então fui só ao começo, não ao fim. tuitei isso e um amigo jornalista disse ser uma pornografia recalcada, enfim, "uma bosta".
da derradeira vez, mais calmo e mais "preparado", fui até o fim. e o fim... deixa pro fim do post, né?
então:

Tomás e Francisco são irmãos consangüíneos, filhos da mesma mãe (júlia lemmertz) e de pais diferentes. francisco, o mais velho, é filho de pai argentino e charmoso (jean pierre noher) e tomás, de um arquiteto dedicado (fábio assunção). a mãe é uma médica sensível e também dedicada aos filhos, e como governanta os meninos têm rosa (louise cardoso).
o romance dos irmãos, plot anunciado, e na cara do cartaz quando muito antes de sua tão esperada estréia, começa desde cedo, quando Francisco recebe o irmão mais novo e resolve que vai protegê-lo pelo resto da vida. os garotos vão crescendo e desenvolvendo a curiosidade da mãe, que, compreensiva, apenas teme de longe o incesto já instalado. a intimidade mútua deles vai atiçar a preocupação de cada um de seus pais, mas a mãe apenas teme, e resolve não se meter em algo que ela sabe ser "tão bom".
os garotos crescem. depois de Francisco ter perdido o pai aos doze anos de idade, os dois perdem a mãe quinze anos depois. resolvem então o pai de tomás e a governanta deixarem os dois viverem sozinhos sua intimidade.
a esta altura, Francisco já tem a mesma profissão que a mãe, e Tomás, que antes via no irmão um campeão da natação, torna-se atleta dedicado.
o romance conhece um obstáculo quando Tomás recebe a proposta de ir treinar na rússia para as olimpíadas, em um tempo de três anos. Francisco consente na viagem, os dois então se separam, fazem sexo pela internet, cada um cuida de viver sua vida.
o resto? vá ver o filme.
do mesmo diretor do ótimo "um copo de cólera", com Julia Lemmertz e Alexandre Borges, aqui teve a delicadeza poética de mostrar um "fenômeno" que pode acontecer com qualquer família (mesmo que por um fulgaz período de tempo) sem cair nos clichês esperados de cenas de sexo chocantes e figuras e linguajares típicos da cena lgbt no cinema. mas não teve a mesma "liberdade" que lhe rendeu um ótimo desempenho no outro filme citado. entendo quando o objetivo era escancarar, de alguma maneira, tabus tão caros a nós. mas sabe qual é o problema do filme? é que ele é romântico DEMAIS!!!
as cenas de sexo, pitorescas, de tão belas chegam perto de uma obra genuína do renascimento. mas são poéticas DEMAIS!!!
o roteiro tem também o seu DEMAIS: os diálogos, derretidos na mais bela quintessência de Proust ou Balzac. há até uma cena onde Francisco lê para tomás um trecho de Hilda Hilst. mas melhor seria sem essa referência tão óbvia.
mas, ainda bem, as interpretações são dotadas de sensibilidade obrigatórias num filme que se pretende comedido num tema "proibido". João Gabriel, o francisco, de belos olhos zarolhos e belíssimo corpo, dá ao personagem a medida certa da melancolia da qual este é dotado.
enfim, o filme não é essas coca-colas todas. é bom, mas não diria "lindo" num sentido completo. nem tudo é perfeito, of course, mas manteiga derretida DEMAIS dá nos nervos!!! desculpem os fetichistas, mas isso foi um manancial de contemplação pra eles.
como exigente, eu daria uma nota 7 pro filme. como romântico, nota 11. mas é que o filme termina, e você (eu, pelo menos) se pergunta: "É (SÓ) ISSO?"

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